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Cerâmica - Tradição com mais de 25.000 anos

  • 11 de mai.
  • 4 min de leitura


Facilmente encontrada em escavações arqueológicas, a cerâmica é um material resistente, usado nas mais variadas funções, que acompanha a história da humanidade a milhares de anos, antes mesmo da era cristã, a origem de seu nome vem da palavra grega “keramos” ou “terra queimada”. Sua gênesis ocorreu, no momento que o homem fez uso do barro endurecido pelo fogo, para confeccionar utensílios que substituíram a madeira, a pedra trabalhada e utensílios domésticos feitos de frutos como coco ou casca de certas cucurbitácias (porongas, catutos e cabaças).



Machado de pedra polida Neolítico com um cabo de madeira.

 

Sendo um produto muito antigo, sua origem é imprecisa, estudos remontam que a cerâmica teve sua origem perdida entre o oriente (China, um exemplo da arte cerâmica chinesa são os guerreiros de Xian, o exército de soldados em tamanho natural de terracota) e o oriente médio (Turquia).






Estudos apontam que os babilônicos e assírios, do século VI a.C, a usavam como ladrilhos para colorir e decorar superfícies, assim como o povo persa, e apesar da tecnologia em decoração avançada para a época, sua produção era artesanal.



Friso dos Arqueiros do Palácio de Dario - Período Persa 550 - 330 a. C.

 

No Brasil, a cerâmica tem seus primórdios na Ilha de Marajó - PA, mesmo operando com instrumentos rudimentares e com total desconhecimento do torno, os índios conseguiram criar uma cerâmica altamente elaborada e de valor. Isso direciona que floresceu na ilha, uma cultura avançada que superou os estágios primitivos da idade da pedra e do bronze.

 




Cerâmica Marajoara Foto Jose Luiz Franco - Museu do Marajó - Cachoeira do Arari - PA

 

 

Com o tempo, a cerâmica foi evoluindo e prosperando, onde cada povo achou o seu estilo próprio, criando novas técnicas. A sociedade mesopotâmica, os gregos, romanos, chineses (criadores da porcelana), italianos, ingleses, alemães, franceses e americanos deram importantes contribuições nesse assunto.

A cerâmica como revestimento foi difundida pelos árabes, através da arte do azulejo (azuleicha, que significa pedra polida), primeiramente na Espanha e, de lá, se espalhando por toda a Europa, com novos estilos de decoração e técnicas.



Detalhe do azulejo Mourisco em Sevilha - Espanha

 

No Brasil, a tradição ceramista não desembarcou junto com as caravelas portuguesas e nem com a bagagem cultural dos escravos. Os índios nativos já dominavam a cultura do trabalho em barro.



Cerâmica tupi-guarani pré-cabralina. Museu da UFRGS.

 

Os colonizadores portugueses foram os responsáveis pela instalação das primeiras olarias, estruturando e concentrando a mão de obra. Já o florescimento do revestimento cerâmico no país se deve inteiramente, a dependência cultural, política e econômica com Portugal até o século XIX.


Não há um consenso com relação à origem dos primeiros revestimentos cerâmicos que chegaram ao Brasil, o que se sabe, é que no século XVII azulejos em estilo barroco foram encomendados de Lisboa – Portugal, e que os mesmo eram apenas materiais de decoração, que retratavam cenas do cotidiano, de paisagens e cenas bíblicas. Porém somente no século XIX, o seu uso tornou-se mais frequente.


Painel de azulejos portugueses na Igreja da Ordem Terceira Secular de São Francisco da Bahia - Salvador - Brasil

 

Por muitos anos os revestimentos cerâmicos foram conhecidos como sinônimo de luxo e requinte, usado nos pisos e paredes das casas de pessoas ricas.



Museu de Energia - Itú - SP



O Palácio dos Azulejos - Campinas - SP - Foto Luiz Carlos Cappellano

 

Após a segunda guerra mundial, ocorreu um grande aumento da produção de revestimento cerâmico (lajotas e azulejos) e um desenvolvimento industrial considerável com o advento das técnicas de produção.

 

A possibilidade de produzir em escala industrial baixou os preços e os tornou acessível à grande parte da população, então os revestimentos cerâmicos deixaram de ser privilégio dos recintos religiosos e dos palácios e tornaram-se acessíveis a todas as classes sociais, passando a emoldurar não só obras monumentais, como também as fachadas dos pequenos sobrados residenciais e comercias e até mesmo das casas.


Os revestimentos cerâmicos passaram a ser usados para satisfazer as necessidades funcionais, dessa maneira, foi muito empregado em cozinhas e banheiros, pois era de fácil limpeza.


Banheiro antigo - Foto heymarcela via Visual hunt

 

Com o passar dos anos, a indústria cerâmica teve grande evolução, e o desenvolvimento de novos materiais, ampliaram as opções de seu uso, e isso fez que com a cerâmica passasse a ser opção também de revestimentos para outros ambientes, como salas de estar, salas de jantar, quartos de dormir e halls de entrada.


Sala de Jantar colorida - Foto Monica Campi via Visual hunt

 

Ocorreu também uma migração para além dos portões das residências, indo parar em ambientes industriais e públicos e em áreas externas e internas de aeroportos, hotéis, shoppings, escolas, hospitais etc.


Hotel Santa Rita - SP Foto gail.com.br



Estação Paulista do Metrô - São Paulo - Brasil


Estação Paulista do Metrô - São Paulo - Brasil

 

Hoje a cerâmica deixou ser apenas um material plástico para artistas, matéria prima de instrumentos domésticos e da construção civil, sua utilização é presente em tecnologia de ponta, mas especificamente na fabricação de componentes de foguetes espaciais.

 


 

Tecnologias modernas acrescentam uma gama enorme de tonalidades, acabamentos e formas disponíveis ao revestimento cerâmico, além da volta da aparência mais tradicional, com terracota e outros acabamentos naturais.

 



Na atualidade, o revestimento cerâmico é muito apreciado, por sua durabilidade, por ser de fácil limpeza, sua grande resistência, impermeabilidade, ser antialérgico, seu poder de decoração, não ser inflamável e ser acessível a todas as classes sociais.


E o Brasil é um grande expoente mundial do revestimento cerâmico, segundo maior consumidor e produtor de revestimentos cerâmicos. Cresce no país a utilização da cerâmica como revestimento de pisos e paredes de espaços internos e externos das casas e edifícios. Com a impressão digital em alta resolução, os fabricantes de revestimentos cerâmicos estampam tudo em seus produtos, fazendo com que os mesmos fiquem parecidos com mármore, cimento queimado e madeira por exemplo.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

Amorim, Lilian Bayma de. Cerâmica marajoara: a comunicação do silencia. Belém: Museu paraense Emílio Goeldi, 2010.

Arte da Cerâmica no Brasil  - P. M. BARDI   -   São Paulo: Banco Sudameris Brasil S.A., 1980.

Azulejaria Contemporânea no Brasil  -  Frederico MORAIS  -  São Paulo: Editoração Publicações e Comunicações, 1990.

Cerâmica no Brasil e no Mundo  -  Aristides PILEGGI.   São Paulo: Livraria Martins Editora, 1958.

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